96% dos municípios cearenses apresentam registros de Aids

Atualmente, 96% dos 184 municípios cearenses têm pelo menos um caso de Aids. Segundo a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), desde a primeira notificação em 1983, já foram registrados 12.246 até dezembro de 2012. Ano passado, foram confirmados 800 casos, 77 a menos do que em 2011. Desse total, 430 (53,7%) foram computados somente em Fortaleza. A Capital lidera o ranking da doença, seguida por Maracanaú, com 51 casos, e Caucaia, com 33.
De acordo com a presidente da Associação Cearense de Infectologia, Melissa Medeiros, diariamente, chegam pacientes do Interior a Fortaleza para fazer testes de HIV. Ela defende campanhas de testagem em postos de saúde Foto: Kiko Silva
Até 2012, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação de Aids (Sinan), ligado à Sesa, revelava que 70% dos casos eram em homens e 30% no sexo feminino. Entretanto, o Sistema destaca que, no Ceará, a taxa de incidência da doença entre o sexo masculino diminuiu de 14,9 - para cada grupo de 100 mil habitantes em 2011 - para 12,7 no ano passado.
Já entre as mulheres, houve uma evolução da incidência de 5,8% para 6,0%. "A feminização da Aids é reflexo do comportamento da população feminina, associado a aspectos de vulnerabilidade biológica da mulher com o crescimento dos casos de Aids em mulheres em idade reprodutiva", diz o informe epidemiológico feito pela Sesa.
O estudo ressalta que, de 1983 a 2012, a faixa etária de 20 a 49 anos tem as maiores taxas de incidência da doença, com 10.551 casos (86,1%), o que, para a Sesa, pode confirmar que a principal forma de transmissão é sexual. A contribuição das outras faixas etárias nestes últimos 29 anos é apresentada da seguinte forma: 1.169 (9,5%) notificações em adultos com 50 ou mais, 298 (2,4%) em menores de 13 anos e 230 (1,8%) em adolescentes de 13 a 19 anos.
De acordo com a médica infectologista do Hospital São José, em Fortaleza, e presidente da Associação Cearense de Infectologia, Melissa Medeiros, a unidade recebe diariamente pacientes de todo o Estado que chegam, na sua grande maioria, sem o diagnóstico da doença.
"Muitas vezes, ele vem em estado debilitado por ocasião das infecções oportunistas, porque, nos seus municípios de origem, não há a testagem de rotina. Há tratamento no hospital, medicação disponível e exames laboratoriais, mas é preciso um diagnóstico precoce e isso não vem ocorrendo. Assim, é preciso reforçar urgentemente as campanhas de testagem nos postos de saúde para que essa realidade mude", alerta.
Redução
No Ceará, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação de Aids enfatiza que, com relação ao casos da doença em pessoas com 13 anos e mais idade, ano passado, foram registrados 795 casos, 64 a menos que em 2011. Ainda neste contexto, percebe-se que nos dois últimos anos houve uma redução no número de casos nas três principais categorias que lideravam as notificações: em heterossexuais diminuíram de 422, em 2011, para 349, em 2012; os registrados em homossexuais decaíram de 128 para 103, e em bissexuais, os números caíram de 36, em 2011, para 27, ano passado.
Já a taxa de mortalidade por sexo subiu de 3,1 para 3,3, se comparado ano passado a 2011, sendo registrado a maior taxa no universo feminino: de 1,7, em 2001 para 2,0, em 2012. No contexto masculino, a taxa permaneceu a mesma nos dois anos: 4,6.
Um dado curioso especificado no Sistema é pertinente ao aumento no número de ocorrências na faixa etária acima de 50 anos, entre 2001 e 2012. No primeiro ano, foram registrados 44 casos. Este número saltou para 127, ano passado. Sob a ótica da Sesa, o acréscimo no registro neste tipo de público "pode estar associado à mudança de comportamento sexual nessa faixa etária. A modificação dos costumes e das práticas sexuais seguras talvez ainda não tenham sido absorvidas por essa população, por formação cultural, o que faz com que este grupo populacional tenha um risco potencial em crescimento nos últimos anos".
Por fim, o relatório de diagnóstico da doença no Ceará enfatiza que, de 2008 a 2012, os pardos lideram em torno de 80% dos casos, seguidos da raça branca, que correspondem a aproximadamente 5,7% a 10,1%, da raça negra em torno de 3,1%, e dos amarelos, que variam de 0,1% a 3,6%.
Transmissão
Em todo o País, quanto à forma de transmissão da doença, entre os maiores de 13 anos, prevalece a sexual, segundo o relatório do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde. No público feminino, 86,8% dos casos registrados no ano passado são de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo vírus. Entre os homens, 43,5% dos casos se deram também por relações heterossexuais, 24,5% por relações homossexuais e 7,7% por bissexuais. Os demais casos ocorreram por transmissão sanguínea e vertical (da mãe para o filho).
A pesquisa realizada com mais de 35 mil meninos revelou que, nos últimos cinco anos, a prevalência do HIV nesta população passou de 0,09% para 0,12%. Foi percebido também que, quanto menor a escolaridade, maior o percentual de infectados e que o resultado positivo está relacionado ao número de parceiros, à coinfecção (quando o organismo sofre com duas ou mais doenças ao mesmo tempo) com outras doenças sexualmente transmissíveis e às relações homossexuais.
Em relação à taxa de mortalidade, o relatório demonstra queda. Em 2002, era 6,3 por 100 mil habitantes, passando para 5,6 em 2011 - queda de aproximadamente 12%. Na comparação regional, o Sudeste apresenta comportamento similar, enquanto nas regiões Norte, Nordeste e Sul há a tendência de aumento. O coeficiente do Centro-Oeste encontra-se estável.

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