No Piauí, grupo faz protesto em supermercado da mesma rede em que jovem foi morto por segurança

Uma manifestação foi realizada nesta segunda-feira (18) dentro do supermercado Extra na Zona Leste de Teresina em protesto contra a morte de Pedro Henrique Gonzaga. O jovem, de 25 anos, morreu após ser agredido com uma ‘gravata’ por um segurança de um estabelecimento da rede no Rio de Janeiro, na quinta-feira (15).
Procurada pelo G1, a rede de supermercados comunicou que entende a dor e se solidariza com o sentimento em torno da morte de Pedro Henrique. A rede Extra reiterou que contribui com as autoridades responsáveis para que o episódio se esclareça e reforçou que é contra todo ato de violência, excessos e de racismo.Na capital piauiense, o protesto foi marcado por um “banho de sangue”. O ato simbólico é uma performance criada e protagonizada pela dançarina Luzia Amélia, que já foi realizada em outras oportunidades. A artista sofreu ataques racistas pela internet por conta de uma das apresentações. "Estou emocionalmente cansada, destruída. Foi muito forte entrar naquele espaço porque é igual em todo o país e foi como estar lá, onde ele foi morto”, contou.
Como mulher negra, mãe de um rapaz de 19 anos, compartilho a dor da mãe dele. Matam nossos filhos. Nos invisibilizam e colocam nossa imagem sempre como o lado ruim da história. Mataram nossos ancestrais e querem matar nosso futuro. 
Estiveram presentes na manifestação diversos movimentos sociais. Além do banho de sangue, o grupo espalhou cartazes com o rosto do jovem e frase “Vidas negras importam”. Parte da performance de Luzia foi colocar um dos cartazes dentro do freezer de carnes do supermercado.
“É uma relação à frase ‘a carne mais barata do mercado é a carne negra’. Porque nossa carne não vale muito no Brasil. Nossos corpos são marcados pela violência, pela morte, por uma história de escravidão que as pessoas insistem em não considerar e não levar a sério”, explicou a dançarina.Pedro Henrique Gonzaga morreu após ficar desacordado ao levar um "mata-leão" de um segurança de um hipermercado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na quinta-feira (15). O caso gerou comoção em todo o país. Houve manifestações em diversos estados, como Rio, São Paulo, Ceará e Pernambuco.
A maior parte dos protestos aconteceram no domingo (17). Em Recife, manifestantes percorreram áreas de um dos supermercados da rede na capital pernambucana e fizeram performances. Em São Paulo, um grupo levou faixas com as frases “não consigo respirar” e “vidas negras importam” para um dos estabelecimentos da rede Extra na região central da capital paulista.
Em Fortaleza, um grupo realizou um protesto em frente ao hipermercado Extra na Zona Sul da capital cearense. Durante o ato, os participantes entraram no estabelecimento com cartazes e gritaram palavras contra a morte do jovem.Ainda no domingo (17), um grupo de pessoas se reuniu em uma unidade do Extra, em Aracaju, no Sergipe, para protestar contra a morte de Pedro Henrique Gonzaga. Durante o ato, alguns manifestantes simularam o golpe aplicado pelo segurança para imobilizar a vítimae ergueram cartazes com palavras contra o racismo.
Para a dançarina, o ato no Piauí teve como objetivo deixar uma pergunta na mente das pessoas que estavam no supermercado. Luzia afirmou que as pessoas devem se interrogar sobre os crimes violentos envolvendo pessoas negras no país. “Com esse ato a gente não quis deixar uma mensagem, mas uma pergunta: Como é que vai ficar?", questionou.

Extra diz ser contra violência

Por nota, a rede de supermercados declarou que entende o sentimento que leva à realização das manifestações e lamenta a perda de uma vida.
Confira a nota na íntegra:
Com relação ao episódio que levou à morte de Pedro Henrique de Oliveira Gonzaga na tarde da última quinta-feira (14.02) no Hipermercado Extra Barra, a rede vem a público reiterar que não aceita qualquer ato de violência, excessos e repudia toda forma de racismo.
A rede Extra não vai se eximir das responsabilidades diante ocorrido e temos total interesse em esclarecer a situação o mais rápido possível. Estamos colaborando com as autoridades fornecendo todas as informações disponíveis.Os seguranças envolvidos na morte do jovem foram imediatamente e definitivamente afastados de nossas operações. A companhia instaurou uma sindicância interna e acompanha junto à empresa de segurança e aos órgãos competentes o andamento das investigações. Acrescentamos que, independentemente do resultado da apuração dos fatos, nada justifica a perda de uma vida. A companhia se solidariza com os familiares de Pedro Henrique de Oliveira Gonzaga nesse momento de dor e de tristeza. Sobre as manifestações, o Extra entende a dor e se solidariza com o sentimento em torno da morte do Pedro Henrique. Reiteramos que estamos contribuindo com as autoridades responsáveis para que o episódio se esclareça rapidamente e reforçamos que somos contra todo ato de violência, excessos e de racismo. Como empresa presente no país há 30 anos e que emprega mais de 20 mil pessoas, o Extra não se exime de suas responsabilidades e do compromisso de buscar a melhoria contínua.
FONTE: G1 CE

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