De acordo com as apurações, os valores dos
contratos chegam a R$ 12 milhões e incluem disparos de centenas de milhões
de mensagensFoto: Arquivo
Empresas estão
contratando serviços de disparo em massa de mensagens contra o PT (Partido
dos Trabalhadores) no aplicativo WhatsApp, é o que afirma matéria publicada
nesta quinta-feira (18) no jornal Folha de S. Paulo. Segundo a reportagem, uma
grande operação de disseminação dessas mensagens está sendo preparada para asemana
anterior ao segundo turno, marcado para o dia 28 de outubro.
A contratação desse tipo de
serviço por empresas é considerada ilegal pela legislação eleitoral, já
que se trata de doação empresarial para campanha e, ainda por cima,
não declarada.
De acordo com as apurações
da Folha, os valores dos contratos chegam a R$ 12 milhões e
incluem disparos de centenas de milhões de mensagens.
O serviço de "disparo
em massa" é oferecido por empresas de marketing na internet, que
utilizam a base de usuários do próprio candidato (cedidos de
forma voluntária) ou bases vendidas por agências de estratégia digital. O
uso de bases de usuários vendidas por agências também se caracteriza como
uma prática ilícita, uma vez que muitas delas são fornecidas
ilegalmente por empresas de cobrança ou por funcionários de empresas
telefônicas.
Entre as contratantes dos
disparos estão empresas que apoiam o candidato Jair Bolsonaro (PSL),
como a Havan. A reportagem ainda aponta que entre as agências
prestando esse tipo de serviços estão a Quickmobile, a Yacows, Croc Services e
SMS Market.
Questionado sobre a
contratação de disparos em massa, Luciano Hang, dono da Havan, disse que
não sabe "o que é isso". "Não temos essa necessidade. Fiz uma
'live' aqui agora. Não está impulsionada e já deu 1,3 milhão de pessoas. Qual é
a necessidade de impulsionar? Digamos que eu tenha 2.000 amigos. Mando para meus
amigos e viraliza."
Peterson Rosa, o sócio da
QuickMobile, afirma que a empresa não está atuando na política neste
ano e que seu foco é apenas a mídia corporativa. Richard Papadimitriou, da
Yacows, afirmou que não iria se manifestar. A SMS Market não respondeu aos
pedidos de entrevista.
PT
Em nota publicada na manhã
desta quinta-feira (18), a executiva nacional do PT acusa a campanha do
presidenciável Jair Bolsonaro(PSL) de receber financiamento empresarial
ilegal para manter uma indústria de mentiras. O partido informa que levará
a denúncia "a todas as instâncias no Brasil e no mundo".
"Reportagem da Folha de
S.Paulo desta quinta-feira (18) confirma o que o PT vem denunciando ao longo do
processo eleitoral: a campanha do deputado Jair Bolsonaro recebe financiamento
ilegal e milionário de grandes empresas para manter uma indústria de mentiras
na rede social WhatsApp", diz a nota do partido.
O PT diz que trata-se de
"ação coordenada para influir no processo eleitoral, que não pode ser
ignorada pela Justiça Eleitoral nem ficar impune".
O partido lembra que
requereu à Polícia Federal na quarta-feira (17) uma investigação das
"práticas criminosas do deputado Jair Bolsonaro".
"Estamos tomando todas
as medidas judiciais para que ele responda por seus crimes, dentre
eles o uso de caixa 2, pois os gastos milionários com a indústria de mentiras
não são declarados por sua campanha."
Na nota, o PT acusa
Bolsonaro de praticar "métodos criminosos" e diz que eles são
"intoleráveis na democracia".
"As instituições
brasileiras têm a obrigação de agir em defesa da lisura do processo
eleitoral. As redes sociais não podem assistir passivamente sua utilização para
difundir mentiras e ofensas, tornando-se cúmplices da manipulação de milhões de
usuários", diz o partido no comunicado divulgado nesta manhã.
Por: Diário do Nordeste
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