A tragédia de Brumadinho, em
Minas Gerais, que deixou, até agora, 166 pessoas mortas, criou uma rede de
solidariedade entre os brasileiros e também comoveu o cearense Jeferson
Nogueira Ricardo, 32, bombeiro civil do município de Jaguaribe, que imediatamente
se dispôs a ajudar nas buscas. Prestes a retornar ao Ceará, o profissional
relatou ao Diário do Nordeste o sentimento de tristeza ao chegar à região do
desastre e a satisfação em ter contribuído com os trabalhos.
Jeferson chegou à cidade mineira
no último dia 3 de fevereiro, acompanhado de colegas do grupo Missionários da
Vida, que também conta com bombeiros civis, brigadistas, socorristas e técnicos
de enfermagem de Natal e Mossoró, no Rio Grande do Norte. O contato com a
Defesa Civil local foi feito logo após o rompimento da barragem, registrada em
25 de janeiro.
Ao chegar à região devastada, o
cearense disse ter encontrado um ambiente de descrença com o ocorrido,
diferente do percebido em outras cidades mineiras. “Quando entramos em Minas
Gerais, encontramos muitas pessoas com aspecto de tristeza. Em Brumadinho,
percebemos um aspecto totalmente diferente. Como se ainda não tivesse caído a
ficha”, contou Jeferson Ricardo.
Apenas no terceiro dia, a equipe
do cearense foi autorizada a iniciar os trabalhos na chamada “zona morna”, que
fica no limite entre a lama e a vegetação, no Rio Paraopeba.
“Buscávamos, às margens do rio,
segmentos dos corpos ou corpos propriamente ditos, seja animal ou humano, e
quando encontrávamos animais, direcionávamos ao Bicho do Mato, que é um projeto
ligado ao Ibama”, diz.
Pedidos
Entre as tantas histórias vividas
por Jeferson em Brumadinho, algumas o marcaram, como acompanhar de perto a dor
de amigos e familiares das vítimas. “É um trabalho que nenhum dinheiro consegue
pagar. A gente pegar uma família em uma missa, chegar, nos abraçar e nos
confidenciar que acordava de madrugada imaginando que o filho ia bater na
porta, não conseguia passar o dia bem porque imaginava sempre que o filho
estava perdido, estava preso”.
O trabalho, segundo ele, era
buscar um conforto para as pessoas. “Por mais que a gente encontrasse só um
segmento, um dedo, 200 gramas de pele ou um membro inferior, trazia
tranquilidade, uma paz de espírito para essa família e, consequentemente, mais
esperança para Brumadinho”.
Humanitário
Jeferson Ricardo explica que,
para voltar ao Ceará, precisa finalizar o processo de desintoxicação,
procedimento obrigatório. De Minas Gerais, garante que traz muito aprendizado,
sobretudo humano.
“Viemos para cá com a intenção de
ajudar, e vamos sair daqui altamente satisfeitos por ter feito um trabalho
humanitário tão específico e gratificante”, destaca. Como presente, ele e
outros voluntários que dedicaram esforços a Brumadinho receberam cartas de
crianças. “Isso é uma condição que nos deixa cada vez mais humanos”, agradece.
FONTE: DIARIO DO NORDDESTE
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