O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) divulgou nesta quarta-feira (31) a primeira imagem das irmãs gêmeas do Ceará, que nasceram unidas pela cabeça, após a cirurgia definitiva de separação, realizada no fim de semana depois de 20 horas. As meninas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, de 2 anos, seguem em recuperação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, mas já respiram sem ajuda de aparelhos.
O neurocirurgião pediátrico Ricardo Santos de Oliveira explicou que aquinta e última cirurgia realizada para separar as siamesas foi a mais complexa porque envolveu a separação da parte dos cérebros que estava unida, além da reconstrução da calota craniana e da pele, com tecidos retirados das próprias meninas.Oliveira contou que a equipe se emocionou ao separar fisicamente as gêmeas – o que ocorreu exatamente às 21h09 de sábado (27). A logística exigiu que o médico segurasse uma delas nos braços, enquanto o neurocirurgião Marcelo Volpon Santos segurava a outra, para que as macas fossem divididas e a equipe iniciasse a reconstrução óssea. De acordo com o neurocirurgião Marcelo Volpon Santos, as siamesas devem permanecer no Hospital das Clínicas por mais algumas semanas e iniciar o processo de reabilitação na mesma unidade, para só depois retornar para casa. A família, que é de Patacas, distrito de Aquiraz (CE), está morando temporariamente no campus da USP. Antes de iniciar a etapa de reabilitação, Ysabelle deve ser submetida a mais uma cirurgia para cobrir uma parte da nuca que ficou sem pele. O cirurgião plástico Jayme Farina Junior explicou que a abertura está coberta provisoriamente por uma membrana composta por colágeno e o “curativo” não atrapalha a recuperação. Farina Junior disse que Maria Ysabelle e Maria Ysadora também poderão realizar cirurgias estéticas no futuro, para cobrir com cabelo algumas áreas das cabeças que receberam apenas pele. Nesse caso, o próprio couro cabeludo pode ser expandido – como já foi feito pela equipe – para cobrir as partes sem cabelo.
Cinco etapas
Comandado pelo professor chefe do Departamento de Neurocirurgia Pediátrica, Hélio Machado, o procedimento foi dividido em cinco etapas para que pudesse ser concretizado. A primeira operação ocorreu em 17 de fevereiro e durou cerca de sete horas. A segunda cirurgia, em 19 de maio, teve duração de oito horas.
A terceira cirurgia ocorreu em 3 de agosto e se estendeu por oito horas. A quarta cirurgia aconteceu em 24 de agosto, quando os médicos implantaram expansores subcutâneos para dar elasticidade à pele e garantir que, na separação total de corpos houvesse tecido suficiente para cobrir os dois crânios.
A última cirurgia, inédita no Brasil, envolveu uma equipe multidisciplinar com 30 profissionais, incluindo quatro norte-americanos, entre eles o cirurgião James Goodrich, referência mundial no assunto e que acompanhou todas as etapas de separação das gêmeas.
A pediatra Maristella Francisco dos Reis já afirmou que as gêmeas têm desenvolvimento normal, como qualquer criança da idade delas, estão aprendendo a falar, brincam juntas e até ensaiam os primeiros passos.
fonte: G1 CE
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